quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cilada

Se o desejo que sinto agora
É ter-te sempre ao meu lado,
Se a boca me quer calado,
Colado ao beijo teu,
Se o meu pensamento se fez
Tua eterna morada;
O ósculo foi a cilada,
Que armamos para nós.

Fugir é ilusão, não há norte,
Apolo rendeu-se a Dionísio.
E onde quer que busque abrigo
Irás comigo, meu querido algoz.
Quedo-me, então, à minha própria sorte,
Pois certeza na vida, só a morte;
Tudo mais é pura especulação.

Se amanhã o ônus pago for a lamúria,
Será por ter rendido-me à fúria
Dessa impetuosa paixão.
Tristeza maior, pois, seria
Poupar-me dessa alegria
E viver chorando depois...

Os lábios que não senti,
De uma paixão não vivida.

Um comentário:

Unknown disse...

A sintonia do nosso beijo não nos permite até hoje encontrar a saída dessa grande cilada.