Era uma vez
um menino...
O menino não
tinha nome.
Tinha poucos
brinquedos,
Muitos
irmãos
E uma mãe.
Pai, ele
tinha só um pouco.
A casa do
menino era pequena;
Mas a
família era grande.
Grande
também era a fome;
Mas a comida
era pouca.
O menino
passava mais tempo na rua.
Brincava
muito.
Se danava
mesmo.
E brigava,
de porrada!
- Quando
crescer, quero ser policial! Ter uma casa, uma família e ajudar minha mãe...
Dizia o
menino.
Os
brinquedos do menino eram poucos;
A casa do
menino era pequena;
A família do
menino era grande;
A comida do
menino era pouca;
A fome do
menino era grande;
Os sonhos do
menino eram muitos!
O menino era
feliz!
Às vezes, a
mãe do menino batia nele...
Tinha vez
que merecia mesmo;
Mas tinha
vez que não.
- Dava uma
raiva danada!
Todo dia o
menino ia pra escola.
Gostava da
escola;
Mas não
gostava de estudar, não.
Gostava
mesmo era da merenda;
Da galera;
E das gatas.
O menino
estava crescendo;
Mas não
sabia ler nem escrever, ainda...
De vez em
quando passava de ano;
Mas aprendia
só um pouco.
Gostava de
copiar; mas só de h.
O menino era
bom de bola.
Se garantia!
“O que eu
queria mesmo era ser jogador de futebol. Jogador, ou policial...”
Pensava o
menino.
O tempo tava
passando;
Mas o menino
nem ligava.
Não tava nem
aí;
Curtia
mesmo!
Saía com a
galera,
Pegava umas
gatas,
Batia um
racha...
De vez em
quando rolava umas frias;
Quando algum
chegado fazia a fé.
Fumava e
cheirava também, mas só às vezes,
Pra curtir.
- A hora que
quiser parar eu paro, ta ligado?!
Dizia o
menino.
O menino
cresceu;
Nem se
tocou...
Só que agora
a polícia vivia dando baculeijo.
De vez em
quando, a mãe do menino chamava ele de vagabundo.
- É a maior
onda prá soltar o real...
O menino não
tinha profissão;
Não sabia
ler, nem escrever (só um pouco);
Não sabia
onde procurar emprego;
Não tinha os
documentos;
E, muitas
vezes, nem tinha dinheiro pra passagem.
- Ficar só
pedindo à coroa é foda!
Às vezes
aparecia serviço de servente...
“Se, pelo
menos, fosse de porteiro ou vigia...
Trabalho de
peão é dureza.
Ta certo que
o importante é ganhar honestamente;
Mas, servente
é a maior sujeira; dá pra mim não.”
Pensava o
menino.
- Futuro?
- Não gosto
de pensar nisso não;
- O futuro a
Deus pertence.
- O que
importa é o presente.
- Tenho
futuro não...
Dizia o
menino...