Todos somos
iguais perante a Deus.
Todos quem?
Perante a qual Deus?
Zeus, Tupã,
Olodumaré, Cristo, Alláh, Jeovah, Brahma, Shiva...?
As diversas
religiões do mundo, dentre as quais o cristianismo em suas variações católica,
ortodoxa e protestante é apenas uma delas, cultuam diferentes deuses, a partir
de diferentes códigos sagrados constituídos historicamente.
Serão todos
esses deuses um único Deus?
Para a
maioria delas, Deus é um só: o seu! A verdade uma só: a sua! Revelada por seu
deus em seus códigos sagrados (a Bíblia dos cristãos, o Torá dos judeus, o
Alcorão dos mulçumanos, o Mahabharata dos hindus...), que precisa ser levada a todos os povos, os
outros, os infiéis que precisam ser convertidos à minha verdade (ou
exterminados).
A história é
testemunha de que essa relação entre o fiel (na sua fé) e o infiel (todos os
outros que não compartilham a minha fé) tem sido marcada pela intolerância, violência
e extermínio em nome de algum deus. Foi assim no passado e é assim no presente.
No Brasil, o
encontro dos povos e seus deuses, o deus dos invasores europeus (Jesus Cristo),
os deuses dos povos originários exterminados (Tupã, Akuanduba, Wanadi...) e os
deuses dos povos africanos seqüestrados em seus países e aqui escravizados
(Ogum, Xangô, Olodumaré...), não foi um encontro de iguais em torno de um mesmo
deus e que pacificamente formaram esse povo lindo miscigenado, com um rico
sincretismo religioso.
Somos o
resultado da violência do macho, branco, europeu, cristão que ainda hoje
destrói os terreiros e acusa os povos negros de cultuarem demônios; que
extermina as matas, templos sagrados dos poucos povos indígenas que restam, tomando
sua fé por feitiçaria... E impõe sua força, sua cultura, seu deus e sua
verdade.
Deus acima
de tudo!
“... e a
verdade vos libertará” (Jo, 8:32)