terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A cor e o verso

Esse verso cor de pele
Que com as palavras peleja
Escrito na noite escura
Preta que nem sua dor
Nessa folha tão branquinha
Que faz parecer o céu

Se não fosse de papel
E se não fosse tão retinta
A pena que rasga o véu

Poema de amor seria
E conflito não haveria
Entre a tinta e o papel.


Esse versinho sem cor
Não sabe da dor uma linha
Do que guardam os griôs

Suas falsas rimas de amor
Entre o papel e a tinta
Escondem nas entrelinhas
Tingidas de rubra cor
Por séculos de tirania
O que a chibata arrancou.

Nós vamos é tocar tambor
Esquentar o nosso frio
Botar fogo no pavio
E reescrever a história

Com as tintas do arco-íris
Chamegar, fazer amor
Versejar em furta-cor
Na quizomba da vitória.

Paulo Roberto, 18/01/2022