sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pensando, pensando...quem sabe continuo existindo

Vivemos dias difíceis... E esse momento exige, de cada um de nós, um esforço reflexivo de análise política, limitados pelas ferramentas que cada um dispõe; mas qualquer coisa além da pobre dieta sectária disponibilizada nos menus globais.
Estou aqui, então, nesse exercício com meus botões: pensando e repensando, jogando ideia fora...
Compartilho a opinião de que quanto pior, pior mesmo!
E, considerando os três períodos recentes da história política brasileira, dos quais fui contemporâneo – a ditadura militar, o período neoliberal do PSDB e o chamado neo desenvolvimentismo do PT – não concordo que não existam diferenças. É impossível olhar esses três momentos históricos e não identificar importantes conquistas e avanços.
Importantes, mas não suficientes. Insuficientes, mas não sem importância.
Por outro lado, compreendo que quem quer que vá assumir o poder político na atual conjuntura, por mais revolucionário e comprometido que seja, com a classe trabalhadora, não passará de um gerente do Estado capitalista. Portanto, é apenas mais do mesmo velho e ruim capitalismo... Mais, tanto no sentido da continuidade, da reprodução do capital; como, também, de sua intensificação.
Continuamos sob a ordem capitalista, racista, machista, homofóbica... Nesse sentido, olhando para a realidade, seguimos gemendo e chorando nesse vale de lágrimas. E o pior é que não existe futuro no capitalismo; nem para os capitalistas.
Contudo, repito: embora sendo mais do mesmo, esses momentos históricos e os grupos políticos que gerenciam o Estado em cada momento, não são iguais. E como a história não é uma mera repetição, movendo-se nos limites das contradições, há muito por avançar ou retroceder, na perspectiva da classe trabalhadora, dentro da ordem.
Penso, ainda, que as principais batalhas necessárias à transformação social, tanto as que se dão dentro da ordem, quanto as que tencionam sua ruptura, ocorrem, sobretudo, noutros campos, para além da via eleitoral. Mas a conjuntura política, incluindo as correlações de forças estabelecidas na composição do poder político, interfere nas possibilidades das lutas sociais.
Portanto, se não podemos superestimar a importância da disputa eleitoral pela gerência do poder político do Estado capitalista e esperar que no voto possamos mudar a ordem social, não convém menosprezá-la.
Sempre temos escolhas a fazer, incluindo não votar. E qualquer decisão, inclusive a negação do voto, tem suas implicações.
Nesse assunto, tenho sido pragmático: dentre as alternativas, inclusive o voto nulo, qual o cenário mais adequado para potencializar forças e avançar na organização e nas lutas da classe trabalhadora, numa perspectiva de superação da ordem capitalista?
Mais fácil perguntar que responder.
Contudo, venho remoendo umas ideias:
Elegemos um Congresso mais conservador e reacionário que o atual;
O resultado do primeiro turno e o rumo da campanha do segundo turno aponta para um possível resultado eleitoral com uma pequena vantagem de votos do candidato ou candidata eleita;
A campanha pela reeleição de Dilma tem mobilizado diversas organizações, movimentos sociais e lideranças políticas do campo democrático e popular. Parte por acreditar, sinceramente, que essa é a melhor alternativa para a classe trabalhadora; outros, por motivos menos nobres.
A eleição de Dilma, no segundo turno, exige a captação de votos principalmente entre os eleitores da Marina, onde se encontram os votos mais conservadores. Será possível conquistar esses votos sem retroceder e rebaixar ainda mais o seu Programa político?
Suspeito que, caso Dilma seja eleita, com uma pequena vantagem de votos; com um Programa político rebaixado; com um Congresso mais reacionário; com a oposição mais fortalecida e organizada; com lideranças e organizações sociais implicadas com o poder político; teremos uma conjuntura cuja gestão do Estado capitalista terá, ainda mais, reduzidas as perspectivas de conquistas da classe trabalhadora, que no período anterior.
E se, nessa conjuntura política, Aécio Neves for eleito?
Alguma dúvida quanto a retrocessos? Da minha parte, nenhuma.
Se essa leitura estiver correta... Lascou!
Qualquer resultado dessas eleições aponta uma composição do poder político cuja correlação de forças na gestão do Estado capitalista reduz, ainda mais, as parcas possibilidades de avanços na perspectiva da classe trabalhadora.
Qualquer que seja o resultado, damos um passo atrás.
Então, meu pragmatismo eleitoral interroga: qual desses passos atrás nos permite tomar impulso para saltar à frente?
Será a hora de arrancar as penas e quebrar o bico?

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